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Caio Coletti

10 filmes e séries infanto juvenis com representatividade LGBTIA+

Criança LGBTQIA+ existe sim, e tem todo o direito de se ver na tela! Os preconceituosos podem falar que é uma tentativa de “sexualizar” a criança (ninguém está pedindo por cenas de sexo nos desenhos do sábado de manhã, gente), mas a verdade é que representatividade importa em todos os lugares da mídia. Abaixo, reunimos produções infanto-juvenis que quebraram a heteronormatividade, e não foi só no finale não (estou olhando para vocês, “A Lenda de Korra” e “Adventure Time”).


01.Andi Mack


O Disney Channel já havia mostrado personagens LGBTQIA+ antes de “Andi Mack”, mas normalmente em papéis minúsculos, como o casal lésbico de “Boa Sorte, Charlie”. Aqui, Cyrus Goodman (Joshua Rush) é um dos protagonistas, o melhor amigo da própria Andi (Peyton Elizabeth Lee), que se assumiu gay para ela no primeiro episódio da segunda temporada da série.


A criadora da série, Terri Minsky, disse que se inspirou em alguns dos melhores amigos da própria filha, que também “se descobriram” aos 12 ou 13 anos, para escrever a história de Cyrus. A série acabou após três temporadas, em 2019.


09.Kipo e os Animonstros

Esta produção da DreamWorks para a Netflix atraiu elogios pela “casualidade” com a qual tratou a homossexualidade de um de seus personagens principais, Benson. Na primeira temporada, o garoto foi perguntado se tinha um “crush” pela protagonista Kipo, mas respondeu que era gay. Alguns episódios depois, ele engatou um romance com Troy, que se tornou um personagem recorrente na série.


Enquanto isso, o mundo de “Kipo” também incluía Asher, que era não-binárie e usava pronomes neutros. A série terminou em 2020, mas o criador Red Sechrist levantou a possibilidade de filmes derivados para continuar a história.


08.Out

Com apenas nove minutos e uma história previsivelmente doce, esse curta é a primeira obra da Pixar com uma história LGBTQIA+ relevante (não, não vamos contar o suposto casal lésbico que apareceu no fundo de uma cena em “Procurando Dory”). Na trama, um jovem gay que ainda não saiu do armário para os pais “troca de corpo” com um cachorro, experiência que será mais reveladora do que ele pensava.


Com uma mensagem de aceitação e a animação deslumbrante de sempre da Pixar, “Out” é um primeiro passo tímido, mas tocante, da maior empresa de animação do planeta em direção à representatividade LGBTQIA+.


07.Revolutionary Girl Utena

A inclusão de “Revolutionary Girl Utena” nessa lista é o nosso tributo à animação oriental, e o quão à frente do entretenimento infanto-juvenil ocidental ela sempre esteve. É claro que “Sakura” e “Sailor Moon” trouxeram romances LGBTQIA+ inesquecíveis, mas “Utena”, lançado em 1997, foi além: apresentou um herói transgênero para o público.


Na trama, Utena Tenjou sempre sonhou ser um príncipe. Ele realiza essa vontade ao se matricular em um torneio de duelos na misteriosa Ohtori Academy, onde o prêmio é a mão da princesa Anthy, conhecida como “Rose Bride”, em casamento. Ah, e a maior parte dos personagens secundários também podem ser facilmente interpretados como queer -- é toda uma série dedicada a histórias LGBTQIA+, lá nos anos 1990!


06.She-Ra e as Princesas do Poder

Se o “romance confirmado sem ser confirmado” de Korra e Asami em “A Lenda de Korra” virou uma espécie de “marco zero” para a representatividade LGBTQIA+ na animação ocidental, então o relacionamento confirmadíssimo de Catra e Adora em “She-Ra” (com direito a beijo!) deveria ser lido como o nosso maior passo adiante desde então.


É verdade que essa paixão em específico só foi selada no episódio final da série, mas “She-Ra” trouxe mais representatividade durante suas cinco temporadas: vide o casal lésbico Spinnerella e Netossa; o casal gay Lance e George; e o personagem não-binárie Double Trouble. Aqui não nos contentamos só com migalha, não, viu?


05.Star vs. as Forças do Mal

Bissexuais quase sempre precisam suar um pouco mais para conseguir representatividade positiva na mídia, e não é diferente no campo infanto-juvenil. Em “Star vs. as Forças do Mal”, o relacionamento amoroso entre Jackie Lynn e Chloe -- e portanto a bissexualidade de Jackie, que já namorou com o protagonista Marco -- só foi realmente confirmado por um dos artistas responsáveis pela série, no Twitter.


Mesmo assim, a química entre as duas é inegável, e a personalidade naturalmente confiante e madura de Jackie deixou muitos que se identificam como bissexuais de olhinhos brilhando para a série do Disney XD, que terminou em 2019, na 4ª temporada.


04.Steven Universe

De todas as séries e filmes reunidos na nossa lista, “Steven Universe” é talvez a mais implacavelmente queer de todas. A ideia da criadora Rebecca Sugar foi, desde sempre, desafiar as normas de gênero e sexualidade do entretenimento infanto juvenil, o que começou com o protagonista Steven, que encarna características normalmente reservadas para as protagonistas (femininas) dos animes de “magical girl” do Oriente.


Mas ela foi além, muito além, durante as cinco temporadas da série: vide o relacionamento lésbico entre Ruby e Sapphire, que resultou em casamento em um episódio de 2018; a introdução do personagem interssexo/não-binárie Stevonnie; e da bissexualidade ou pansexualidade de Rose, a mãe do protagonista Steven, que tem um passado romântico com Pearl. Representou demais!


03.The Loud House

Introduzidos em 2016, Howard e Harold McBridge são atualmente o casal gay (e interracial!) de maior destaque da programação da Nickelodeon -- pais adotivos de Clyde, o melhor amigo do protagonista Lincoln, eles chegaram em “The Loud House” em 2016 fazendo barulho, com cobertura da mídia sobre o “momento histórico” de sua introdução à série.


Dentro do contexto da trama, no entanto, não houve fogos de artifício: Howard e Harols simplesmente se integraram ao panorama carinhosamente caótico de “The Loud House”, que os retratou como pais responsáveis e capazes, embora superprotetores e neuróticos como quaisquer outros. É um daqueles momentos de representatividade feitos de forma tão competente que até dá um quentinho no coração.


02.The Owl House

Lembra daquela história sobre bissexuais terem ainda mais dificuldade com representatividade? Pois é, “The Owl House” veio para destruir essa barreira. A série do Disney Channel explorou, durante sua primeira temporada, a evolução do relacionamento entre as protagonistas Luz e Amity, com várias cenas que poderiam ser interpretadas como românticas, mas nunca diziam isso explicitamente.


Foi a criadora Dana Terrace quem acabou abrindo o jogo nas redes sociais, concordando com um fã que escreveu, no Twitter, que “não havia explicação heterossexual” para a relação de Luz e Amity. Alguns meses depois, a roteirista deu nome aos bois: Luz é bissexual, Amity é lésbica, e as duas estão vivendo o seu primeiro crush adolescente, que será explorado ainda mais no vindouro segundo ano de “The Owl House”.


01.Wolfwalkers

Indicado ao Oscar de melhor longa-metragem de animação este ano, “Wolfwalkers” é, essencialmente, uma história de saída do armário. Enquanto acompanhamos a jovem Robyn descobrindo todo um novo mundo ao conhecer Mebh, o filme usa da fantasia para criar uma tocante metáfora sobre os segredos que guardamos dos nossos pais e do mundo, o momento de coragem em que escolhemos ser fiéis a nós mesmos, e o caminho de aceitação e companheirismo que se segue daqueles que nos amam de verdade.


Se tudo isso soa familiar, não é por acaso: os diretores Tomm Moore e Ross Stewart confirmaram em entrevista que o subtexto LGBTQIA+ é proposital, e que estão satisfeitos de verem que o público o captou. Robyn e Mebh são apenas crianças, é claro, mas a relação extraordinariamente próxima e terna entre elas pode ser lida como uma de identificação platônica entre duas jovens descobrindo a própria sexualidade.


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