Se você acha que aqui vai ter spoilers, fique tranquile, e para as pessoas que amam um spoiler (como eu) segura a ansiedade pois vai valer a pena cada carta. Como minha intenção não é escrever uma crítica, muito menos dar spoilers, escrevo essa matéria partindo das cenas do trailer “Você nem imagina”, juntamente com algumas reflexões sobre esta produção audiovisual.
O filme “Você Nem Imagina", escrito e dirigido por Alice Wu, foi estrelado por Leah Lewis, Daniel Diemer, Alexxis Lemire e Collin Chou. Lançado no dia 1 de maio de 2020, pela Netflix, conta a narrativa da adolescente Ellie Chu (Leah Lewis), que aos 5 anos de idade imigra de sua cidade natal na China com seu pai (Collin Chou) e Mãe, para a cidade (fictícia) de Squahamish nos Estados Unidos. Seu pai com seu PHD em engenharia pela universidade Chinesa tem como objetivo aprender a falar o inglês fluentemente para então sair da cidade pacata de Squahamish, mas ambos não contavam que sua esposa, ou mãe, viria a falecer.
Logo nos primeiros minutos temos aquela fatídica cena de filme adolescente de comédia romântica,: o show de talentos, e se você foi o adolescente que assistia “sessão da tarde” sabe o que estou falando, mas ao invés de uma cena “constrangedora” de derramarem tinta na protagonista principal, temos comentários xenofóbicos, ridicularizando seu nome, vinda por um grupo de adolescentes na qual veremos ao longo da série.
Sublinho essa cena pois, esse filme não é apenas sobre o primeiro amor de uma adolescente qualquer, mas a de uma adolescente asiática, imigrante chinesa. E assim podemos gritar que FINALMENTE temos uma produção audiovisual que coloca como protagonista principal a vivência de uma pessoa asiática falando sobre o seu primeiro amor, sendo ele direcionado a garota mais popular da escola (Alexxis Lemire).
Mas, voltando a dizer sobre a cena, algo que verão, é que não é de feitio de Ellie Chu se retrair ou se sentir intimidada, ela continua a apresentação. E posso dizer que sim, me apaixonei pela garota.
Ellie Chu empreende um negócio dentro da escola, escrevendo redações para os outros estudantes, cobrando US10,00, um ótimo negócio com certeza, até que um garoto (Daniel Diemer) se aproxima dizendo querer a pagar para melhorar sua carta de amor. E assim começam as trocas de cartas e sua amizade com Paul Munsky (Daniel Diemer).
Tenho certeza que toda pessoa que negue o seu lado romântico vai se apaixonar pelo enredo (ou pela Ellie), como eu, desde da relação de amizade construída entre o remetente das cartas para a destinatária das mesmas.
Todo o caminho percorrido na trama para a realização de sua sexualidade e amor é com uma fluidez sutil, construída pela cineasta Alice Wu, na qual revelou em um texto divulgado pela rede social oficial da Netflix, ter se inspirado em um episódio de sua vida antes de se ver como mulher lésbica. No post ela compartilha que seu primeiro coração partido não foi por uma garota, mas por um garoto hetero, na qual viria a ser seu melhor amigo e pessoa que a ajudou no processo de compreender-se como mulher lésbica. O coração partido vem por conta da separação dessa amizade, descrevendo que a namorada do rapaz se sentia desconfortável com a relação de ambos, mesmo sabendo que Wu é lésbica. Complementa também, que “Você nem imagina” seria uma maneira de superar a perda desta grande amizade.
Este filme pode ser facilmente assistido com a família, digo isto pois na netflix há a categoria “para toda a família”, fiquei decepcionado ao procurar nela e ter encontrado apenas filmes sobre romances heteros. Porém fica aqui a dica para se assistir em casa com toda a família tradicional brasileira.
Convido também assistirem outras produções de Alice Wu como: Livrando a Cara (2004) e A Fabulosa História do Cinema Gay (2006)
Deixo aqui a thread de comentários feitos pela cineasta Alice Wu, sobre o filme, publicada na conta da Netflix no Twitter e a abaixo, o trailer do filme.
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